Outro dia, lembrei-me que faz aproximadamente 10 anos que utilizo Internet constantemente. Quando ouvi falar sobre ela pela primeira vez, era mais ou menos 1995. Ainda era algo um tanto abstrato para mim e, lendo sobre o assunto em revistas especializadas, só ficava imaginando como era que isso funcionava. A Internet também era chamada de “super-rodovia da informação” (do inglês information superhighway), um termo que caiu no esquecimento. Nessa época, estava cursando o segundo grau (o equivalente ao que é agora o ensino médio) e o acesso a Internet para os “mortais” estava apenas começando no Brasil. Se eu me lembro bem, era preciso se cadastrar na Embratel para conseguir o acesso, mas era preciso uma dose de sorte. Era muito mais fácil ter acesso às BBSs, que reinavam na época.

Nesse período, também passou uma novela na Globo, que ficou marcada por dois motivos: o primeiro era o personagem do cigano Igor, pois o ator que o interpretava era extremamente ruim e depois dessa novela praticamente encerrou sua carreira. O outro motivo, que é o que nos interessa aqui, era que o casal protagonista da novela se conheceu por meio da Internet. Diria que essa novela estava a frente do seu tempo, pois os personagens se comunicavam por voz através da rede, o que para a época, era um tanto futurista, se considerarmos a velocidade de acesso e os recursos disponíveis no momento. Além disso, a rede não era conhecida popularmente.

Mas foi somente a partir de 1997, quando estava na faculdade (nossa, agora percebi que estou ficando velho), que comecei a ter contato com a Internet. Mas não pense que tínhamos computadores modernos, todos conectados a rede com banda larga. O acesso era feito a partir de um ou dois micros que ficavam na biblioteca, via linha discada, cuja velocidade deveria ser 28.8 kbps ou menos, pois era algo sofrível. Como estudava de manhã, muitas vezes ficávamos na parte da tarde para fazer algum trabalho e acabávamos indo acessar a Internet, cujo principal uso que eu e alguns amigos do curso fazíamos eram as salas de chat do UOL!

Nesse mesmo ano, comecei a acessar a Internet de casa, quando adquiri um poderoso computador Pentium 166 Mhz, com 16 MB de memória RAM, 2 GB de disco rígido e uma placa de fax/modem de 33.6 kbps, rodando o moderno Windows 95. Nessa época, já havia uma infinidade de provedores de acesso, a maioria de pequeno porte, que acabaram desaparecendo com o passar do tempo, restando poucos, todos de grande porte, como o UOL e o Terra (que na época chamava-se Zaz). Era comum encontrarmos revistas explicando o que era preciso para se conectar a rede e o passo-a-passo de como configurar o computador. Tudo era novidade. Lembro-me que o meu caso foi de paixão a primeira vista. Apesar do meu interesse por informática (e mais precisamente, desenvolvimento de sistemas) ser anterior a esse fato, o surgimento da Internet era fascinante, pois você não estava mais isolado em seu micro. Como também havia acontecido com o computador, eu não queria me limitar a ser apenas um usuário. Enxergava nisso o futuro, algo com o qual gostaria de trabalhar. Queria saber como a Internet funcionava, o que havia por trás, como que um site era montado, as ferramentas e linguagens utilizadas, etc. Foi aí que comecei a dar meus primeiros passos no HTML e JavaScript. A partir daí, começou minha jornada em busca de conhecimento, que não terminou até hoje.

Nesses 10 anos, vi muita coisa acontecer. Muitas tecnologias, produtos e serviços surgiram e desapareceram. Naquela época, o browser dominante era o Netscape Navigator. Depois veio o hoje histórico memorando de Bill Gates dando uma guinada na Microsoft em direção à Internet, a guerra dos browsers e o domínio do Internet Explorer, que continua até hoje, apesar do Opera e do Firefox. Os mecanismos de busca também sofreram mudanças. Havia vários: Excite, Lycos, Yahoo!, Altavista (esse era o meu preferido), WebCrawler, o brasileiro Cadê?, etc. Hoje, quando se fala em busca, o que vem à cabeça é Google. Os softwares de mensagem instatânea também passaram por algo parecido. Nos primórdios, para se comunicar, utilizava-se muito as salas de chat do IRC. Depois, surgiu o ICQ (cuja a pronúncia em inglês é o mesmo que I seek you, ou seja, “eu procuro você”). O símbolo do ICQ era uma florzinha que ficava ao lado do relógio do Windows e alertava quando seus amigos estavam on-line. Hoje em dia não conheço ninguém mais que utilize o ICQ, a maioria usa o MSN Messenger (ou Windows Live Messenger). Conta de e-mail grátis era com o Hotmail, que ainda não pertencia à Microsoft. Lógico que o espaço disponível não chegava nem perto dos gigabytes oferecidos atualmente. Uma dica: se quiser saber como se parecia um site antigamente, visite o Internet Archive, onde é possível consultar como era a cara de um site em determinado período.

Outros momentos que lembro ter vivenciado: surgimento da Amazon.com e do e-commerce, as home pages pessoais (antes dos blogs, todo mundo tinha que ter sua home page), a tecnologia Push, os applets Java, o Flash, DHTML e CSS, o estouro da bolha das “ponto com”, os ataques “hackers” e a preocupação crescente com a segurança (ataques de DDoS - Distributed Denial of Service - praticados contra grandes sites, o worm I Love You, os cavalos de tróia BackOrifice e NetBus, o SPAM), o MP3 e seu compartilhamento através do Napster (marcando o início do fim do modelo de negócios das gravadoras), o compartilhamento de arquivos (Kazza, eDonkey, Torrent, etc), a banda larga, o VoIP (principalmente através do Skype), as redes sociais (como o Orkut), o YouTube, Blogs, RSS, AJAX, Web 2.0 e Second Life.

Olhando para trás e vendo tudo isso, percebo o quanto a minha vida foi e ainda é influenciada pela Internet. A começar da minha vida profissional, tudo seria diferente. Não consigo imaginar como seria caso ela não existisse, assim como não imagino como conseguia viver sem ela anteriormente.

E você, há quanto tempo utiliza a Internet? Como ela influenciou sua vida? Você se lembra de algum outro fato que aconteceu nesse tempo e que não foi citado aqui?