Na semana passada, a Microsoft anunciou o lançamento de uma nova versão do browser Internet Explorer (IE) - versão 7 - ainda neste ano. Esta notícia deixou a maioria supresa, já que a própria Microsoft havia anunciado no ano passado que uma nova versão de seu browser só seria lançada juntamente com o Windows Longhorn, que está previsto para ser lançado em 2006 ou 2007. O que teria motivado esta decisão? Muitos diriam que é o Firefox, o browser alternativo que tem aumentado sua participação no mercado. Apesar da Microsoft negar e dizer que a razão desta decisão é melhorar a segurança do IE (através de mecanismos de combate a spywares e a phishing scams), não se pode negar que o Firefox também é um dos motivos, afinal, ficar um ou dois anos sem uma atualização significativa pode significar a morte do IE.
Quando o Firefox foi lançado, muito se comentou sobre ele e várias pessoas apostaram que a guerra dos browsers iria recomeçar, como ocorreu entre o IE e o Netscape no início da Internet comercial, lá pelos anos de 1997/1998, afinal a situação era semelhante, porém inversa: naquela época, o Netscape Navigator era o browser padrão da Internet, utilizado por 95% dos usuários. Entretanto, não foi na versão 1.0 do IE que os papéis se inverteram. Começou na versão 3.0 e a consolidação da virada foi com a versão 4.0.
Mas por que o IE conseguiu esta virada? Primeiro, porque ele incorporou várias funcionalidades proprietárias do Netscape afim de que os sites da Internet de então funcionassem corretamente nos dois browsers (para quem não sabe, o JavaScript é uma criação da Netscape e não tem nada a ver com o Java da Sun; além disso, o JavaScript não é padrão do W3C e foi incorporado ao IE apesar da Microsoft ter sua própria linguagem de script, o VBScript; ou seja, a Microsoft não forçou a utilização do VBScript e sim adaptou seu produto para que rodasse client-scripts feitos nesta linguagem). Em segundo lugar, porque o IE trouxe algumas novidades (entre elas, a integração profunda com o Windows) que conquistaram muitos fãs. E por último, porque a versão 4.0 do Netscape (o Netscape Communicator) era muito pesado e não tinha nenhuma inovação.
O principal fator que faz com que o Firefox não seja uma ameaça real para o IE hoje é que ele não é compatível com características exclusivas do IE. Isso faz com que sites não funcionem em outros browsers que não o da Microsoft e duvido que o pessoal do Firefox convença as empresas a mudarem seus sites com argumentos de que o Firefox segue os padrões à risca do W3C (não sei até que ponto isto é verdade) e o IE não. O mais sensato é o Firefox utilizar a mesma estratégia que a Microsoft utilizou para derrubar o Netscape, ou seja, incorporar as funcionalidades do IE.
Mesmo que isso acontecesse, para que o Firefox passasse a dominar o mercado, a Microsoft teria que *dar um tiro no próprio pé *e lançar uma versão tão ruim do seu browser que justificasse a migração para o concorrente ou então deixar o IE sem um upgrade significativo. Isso sim eu acho difícil de acontecer, como já podemos ver na notícia acima.
De qualquer maneira, a concorrência é boa, pois força as empresas a lançarem produtos cada vez melhores e os beneficiados somos nós.
Ricardo Oneda.