Desde o final da semana passada, quando a Microsoft enviou, para jornalistas que cobrem tecnologia, um convite para um evento que ocorreria em Los Angeles em 19/06/12, muitas especulações surgiram. Isso tudo por causa do clima de mistério criado (influência da Apple?), já que não havia pistas do que seria anunciado e nem mesmo do local exato do evento, que só foi divulgado na manhã do dia em que o mesmo ocorreu. O evento aconteceu e, como muitos esperavam, a Microsoft revelou ao mundo um tablet que vai levar sua marca, chamado Surface (não confundir com o antigo Surface, que era uma mesa sensível ao toque e que agora chama-se PixelSense).

O Surface é um tablet projetado pela Microsoft com o que ela entende como um dispositivo desse tipo deve ser para que utilize todo potencial que a próxima versão do Windows proporciona. Na verdade, definir o Surface como simplesmente um tablet não é totalmente correto. Lembre-se que, com o Windows, a Microsoft domina o mercado de sistemas operacionais para computadores pessoais - os famosos PCs, que muitos consideram que estão com os dias contados, em uma era pós-PC onde quem reina são smartphones, tablets e outros tipos de dispositivos móveis. Assim, levando-se em conta o que trouxe a Microsoft até aqui, nada mais coerente que o Surface seja uma espécie de híbrido, o qual, apesar de sua principal identidade ser um tablet (quando a interface Metro pode ser melhor explorada), também pode virar um PC, a partir do uso de um teclado acomplado na própria capa que vem com o aparelho e de um suporte para apoio.

Haverá dois modelos de Surface: um com a versão Professional do Windows 8 e processador x86 (que rodará qualquer aplicativo existente para os PCs tradicionais), e outra versão com o Windows RT, a nova versão do Windows para processadores ARM. O Office 2013 virá instalado em ambos os modelos. As primeiras repercussões têm sido positivas. Entretanto, ainda restam dúvidas que podem determinar a aceitação e o futuro do produto:

  • Preço: o preço ainda final não foi divulgado. As respostas para essa questão foram evasivas, dizendo que o preço da versão Windows RT será na mesma faixa de outros tablets ARM, enquanto que a versão Windows 8 será compatível com os preços dos ultrabooks;
  • Tempo de duração da bateria: um item crucial para dispositivos móveis;
  • Data de lançamento: a versão Windows RT estará disponível quando o sistema operacional for lançado, o que também não foi divulgado quando acontecerá, mas especula-se que seja em torno de setembro ou outubro. Já a versão Windows 8 estará disponível 3 meses após o lançamento da versão Windows RT. Ou seja, levará em torno de 3 a 6 meses para os produtos chegarem no mercado. É um tempo considerável e que levanta a dúvida de que se não valeria mais a pena fazer o anúncio mais próximo à data de lançamento;
  • Parcerias: apesar de ter alguns hardwares com sua marca (sendo o de maior sucesso o Xbox), a Microsoft é primordialmente uma empresa de software. Agora, ela irá concorrer com empresas que até então eram suas parceiras, o que não as deve ter agradado nem um pouco. Provavelmente, ela optou por esse caminho para não ficar totalmente dependente das empresas parceiras fabricantes de PCs, que poderiam não fazer produtos com boa qualidade, o que poderia prejudicar a imagem da próxima versão do Windows;

    A Microsoft tem feito apostas arriscadas e audaciosas em relação ao Windows: primeiro, com a remodelagem da interface, incorporando o Metro, e agora lançando seu próprio tablet. Não poderia ser diferente. Não resta dúvidas que nesse campo, o grande rival e referência quando se fala em tablet ainda é o iPad. Esse mercado praticamente foi criado pela Apple há meros 2 anos e meio, e os tablets Android ainda não conseguiram se consolidar. Assim, a Microsoft entra na disputa ainda a tempo e com maiores chances de sucesso. A esperança da Microsoft é se manter relevante no mercado de PCs, ganhar importância no mercado de tablets e, com isso, conseguir influenciar o aumento de participação nos smartphones, onde o Windows Phone, apesar dos elogios por parte da mídia especializada, tem encontrado grandes dificuldades, já que chegou muito atrasado em um mercado onde iPhone e Android estão bem consolidados. Tarefa fácil, não?